Anfíbios
Se procura pelos veículos aptos a transitarem em terra ou na água, veja Anfíbio (veículo).
Os
anfíbios (
latim científico:
Amphibia) constituem uma
classe de
animais vertebrados,
pecilotérmicos que não possuem
bolsa amniótica agrupados na classe
Amphibia.
A característica mais marcante dos seres vivos da classe é o seu ciclo
de vida dividido em duas fases: uma aquática e outra terrestre, apesar
de haver exceções. Estão identificadas cerca de seis mil
espécies vivas de anfíbios cadastradas no
Amphibian Species of the World[1].
Muitos pesquisadores acreditam que os anfíbios são
indicadores ecológicos e nas últimas décadas tem havido um
declínio das populações de anfíbios ao redor do globo. Muitas espécies estão ameaçadas ou extintas.
Os anfíbios evoluíram no
Período Devoniano e eram os principais predadores dos períodos
Carbonífero e
Permiano, mas muitas linhagens foram exterminadas durante a
extinção do Permiano-Triássico. Um grupo, o
metoposauridae, continuou um importante predador durante a
Triássico, mas devido provávelmente ao fato de o mundo ter se tornado mais seco durante o
Jurássico Inferior, estes foram extintos, assim como a maioria dos
Temnospondyli, como o
Koolasuchus, e as ordens modernas de
lissanfíbios.
Características gerais
A análise de um ser da classe dos anfíbios exige a divisão de seu
ciclo vital, devido a diferenças morfofisiológicas entre a fase
aquática e a terrestre (adulta).
Quando jovens, a maioria das espécies de anfíbios vivem exclusivamente em
ambiente aquático dulcícola, e sua estrutura corpórea é semelhante a de um
alevino, realizando
respiração branquial. A fase jovem, também conhecida como
larval, é determinada do nascimento até a
metamorfose do anfíbio, que lhe permitirá sair do ambiente aquático e fazer parte do ambiente terrestre. As larvas possuem
cauda e até mesmo linha lateral como os
peixes.
[2]
Já adultos, a dependência da água dos anfíbios jovens é superada
parcialmente, e após a metamorfose, a maioria das espécies, pode deixar
a água e viver em
habitat terrestre. Apesar de pulmonados, os representantes dessa classe possuem uma superfície
alveolar muito pequena, incapaz de suprir toda a demanda
gasosa
do animal. Portanto, como complemento à respiração pulmonar, os
anfíbios realizam a respiração cutânea (trocas de gases através da
pele), e para tanto possuem a pele bastante vascularizada e sempre
umedecida.
A circulação nos anfíbios é dita fechada (o
sangue sempre permanece em
vasos), dupla (há o circuito corpóreo e o circuito pulmonar) e incompleta (já que há mistura do sangue venoso e artérial no
coração). O coração do anfíbio apresenta apenas três cavidades: dois
átrios, nos quais há chegada de sangue ao coração; e um
ventrículo, no qual o sangue é direcionado ao pulmão ou ao corpo do animal.
O seu
sistema excretor apresenta
rins mesonéfricos que são ligados por
ureteres à
bexiga, que por sua vez está ligada à
cloaca. Quando no estado larval o produto de sua excreção é a
amônia, porém no estado adulto excretam
uréia. Quanto a locomoção, os membros da
ordem Anura
são, em sua maioria, saltadores, as salamandras [Caudata] caminham e as
cobras-cegas [Gymnophiona] arrastam-se por contrações musculares. Na
água são nadadores, sendo que quando na fase larval utilizam a cauda e
quando adultas, as rãs utilizam as patas, que possuem membranas
interdigitais. As
pererecas apresentam
discos adesivos nos dedos, equivocadamente definidos como ventosas.
O
sistema nervoso dos anfíbios tem como principal órgão o
encéfalo.
Apresentam boa visão, com exceção das cobras-cegas, e tato em toda
superfície corporal. O seu sistema olfativo apresenta narinas e os
órgãos de Jacobson, no teto da cavidade nasal. Em sua língua se
encontram botões gustativos.
Alguns anfíbios podem ser
venenosos, sendo que alguns deles estão inclusive entre os animais mais venenosos. Os sapos possuem uma
glândula parotóide
que produz veneno, e muitas glândulas pequenas espalhadas por toda
superfície do corpo, produtoras de muco e veneno. Entretanto, este
veneno da glândula paratóide é eliminado apenas quando tal glândula é
apertada. O manuseamento de anfíbios é normalmente seguro, desde que o
veneno não entre na circulação sanguínea através de ferimentos ou
mucosa. Deve-se por isso lavar as mãos depois do contato com os animais.
Reprodução
Os anfíbios apresentam 29 modos reprodutivos distintos, sendo superados em diversidade de modos reprodutivos apenas pelos
peixes.
No modo mais comum, a
reprodução dos anfíbios está ligada à água doce, e ocorre nos Anuros
sexuadamente por
fecundação externa (excetuando-se por duas espécies de rãs norte-americanas do gênero
Ascaphus), na qual a fêmea libera
óvulos (ainda não fecundados) envoltos em uma massa gelatinosa e o macho então lança seus
gâmetas sobre eles para que ocorra a fecundação. Os ovos formados ficarão em ambiente aquático lêntico (
lagos,
lagoas e
represas) até o nascimento do
girino, que captura seu alimento no meio ambiente. Nos Gymnophiona e nos Urodela, a
fecundação é realizada internamente. No caso das salamandras (
Urodela),
o macho encontra a fêmea e inicia um comportamento de cortejo parecido
com uma dança, quando o macho deixa no substrato uma cápsula (o
espermatóforo) que carrega os gametas masculinos. Com os movimentos do cortejo, o macho induz a fêmea a se colocar sobre o
espermatóforo, que então fecunda os óvulos da fêmea internamente à esta.
Nos Anuros, formas mais especializadas de reprodução incluem: girinos que possuem
saco vitelínico,
ovos colocados sobre a vegetação a vários metros do chão, ovos
embebidos no dorso de fêmeas exclusivamente aquáticas, ovos carregados
no dorso de machos ou de fêmeas até o nascimento dos girinos, girinos
se desenvolvendo no interior do estômago das fêmeas, desenvolvimento
direto,
ovoviviparidade e
viviparidade, entre outros. O desenvolvimento directo ocorre, por exemplo, no género
Eleutherodactylus[5]
Como estão protegidos pela água, os ovos de anfíbios não possuem anexos embrionários adaptativos como o
alantóide, sendo essa uma das características que difere a classe dos outros vertebrados terrestres.
Origem evolutiva
Os anfíbios surgiram há cerca de 350 milhões de anos, no
Devoniano, e foram os primeiros animais vertebrados terrestres. No
Carbónico foram o grupo dominante. Estudos de fósseis sugerem que o grupo teria evoluído a partir dos
peixes pulmonados de nadadeira lobada, tal como o
Tiktaalik e servido de ancestral para os
répteis,
além de serem os primeiros vertebrados em habitat terrestre. Em relação
aos peixes (seus antecessores) os anfíbios possuem menor dependência da
água, contudo ainda não representam seres verdadeiramente terrestres,
tendo a necessidade de viver em locais úmidos mesmo quando adultos.
[3]
Outras Características
Os anfíbios atuais são descendentes dos primeiros vertebrados a
iniciarem a saída das águas, provavelmente com um menor número de
adaptações morfológicas do que os outros tetrápodes (sendo estes os
répteis, as aves e os mamíferos), e um compensatório, porém diferente,
número (e formas) de adaptações fisiológicas.
Classificação
O termo
Amphibia, como era utilizado na sistemática clássica, tinha
status
de classe e abrangia todos os tetrápodes que estivessem entre os peixes
e os répteis. Romer (1966) subdividia essa classe em três subclasses:
[4]
Entretanto, parte das características utilizadas para a definição desses grupos eram primitivas, ou seja, simplesiomorfias.
Todos os anfíbios atuais pertencem a subclasse Lissamphibia que está dividida em três ordens:
-
- Ordem Urodela (Caudata): tetrápodes com cauda e aspecto de lagarto. Ex.: Salamandras.
- Ordem Anura:
corpos curtos sem cauda. São tetrápodes com adaptação para o salto, a
maioria apresenta metamorfose completa, mas alguns já saem dos ovos com
a forma adulta, não apresentando metamorfose. Ex.:sapos, pererecas e
rãs.
- Ordem Gymnophiona (Apoda): anfíbios sem patas. Ex.: ¹Cobras-cegas.
¹Não confundir com Amphisbaenia, Typhlopidae e Leptotyphlopidae, que
são répteis sem patas(ou com patas atrofiadas) conhecidos popularmente
como "cobras-cegas" também.